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De Dicionário de História Cultural de la Iglesía en América Latina
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Educação

A fonte de riqueza do Brasil nos séculos XVI e XVII era centrada basicamente na produção agrícola, e desta forma a maior parte da mão de obra disponível era absorvida pelo setor. Os trabalhadores, em geral, não tinham a necessidade de nenhuma qualificação técnica, visto que se tratava de um trabalho de força manual, e geralmente executado por escravos. Portanto, a educação não encontrou nos primeiros anos da colônia portuguesa nenhuma necessidade de desenvolvimento.

A educação brasileira se efetivava com o movimento catequético iniciado pelos padres jesuítas. Ministravam aos índios e colonos, juntos, não somente os ensinamentos cristãos, mas também uma formação intelectual. Com o surgimento da classe aristocrática brasileira e o aumento populacional, os padres jesuítas no Brasil seguiriam os passos dos seus irmãos europeus e abririam os primeiros colégios para a formação dos jovens brasileiros.

Desta forma se estabeleciam os primeiros colégios, que tinham como missão a formação acadêmica das ciências humanas. A princípio, os padres dedicaram-se à educação elementar para os índios e brancos, à educação média para os homens da classe dominante. E aos destinados às ordens sacras a formação superior, como a filosofia e teologia.

Foram os jesuítas considerados humanistas por excelência, tinham todo o foco educacional voltado para as atividades literárias e acadêmicas, com o intuito de uma formação para as letras eruditas. Os cursos eram organizados em três: O de artes, do qual faziam parte a filosofia e a ciência, ministrado na Bahia; o curso de teologia e o de ciências sagradas, também ministrados na Bahia; o curso de letras que era ministrado em cinco anos, no Rio de Janeiro e Pernambuco.

A base da formação jesuítica era sustentada na tradição escolástica, com um total distanciamento das ciências e das atividades técnicas, onde os cursos eram ministrados com a utilização dos textos clássicos da literatura latina, desenvolvendo o espírito crítico do estudante . Os alunos formados pelos padres jesuítas eram em grau de afrontar os principais cursos da metrópole portuguesa, e desta forma se tornar componentes da elite intelectual da época.

No que se refere à educação das grandes famílias aristocráticas, o curso da educação percorreu outra estrada. Baseadas no tradicionalismo, as famílias tinham como hábito conceder ao filho primogênito a hereditariedade de toda a riqueza produzida pelo pai, e assim era educado para conduzir adiante a obra deste, e portanto, como herdeiro natural e por direito, seria o futuro senhor de engenho.

Os outros filhos teriam destinos diversos, um se dedicaria às ordens sacras, e os demais a profissões liberais, e enviados para dar prosseguimento aos seus estudos no exterior, como Paris, Montpellier, Alemanha, Inglaterra, mas o principal foco de estudantes brasileiros se concentrava em Coimbra. Mais tarde os graduados se tornariam representantes políticos e sociais da colônia diante do reino português. Os cursos preferidos destes eram a filosofia, a medicina e principalmente o direito. Desta forma a nobre família aristocrática gozava de orgulho e influência na base do poder colonial.

Literatura e oratória barroca

Com uma estrutura intelectual bem formada, a colônia começaria a viver o nascimento de sua própria literatura e arte, tendo como protagonistas os seus próprios filhos ou os filhos de imigrantes que se instalavam na colônia.

O século XVI foi o tempo de uma literatura de informação, na qual prefiguravam as informações básicas sobre a vida, população e riquezas naturais da colônia. Os principais precursores foram: Pero de Magalhães de Gandavo, Gabriel Soares de Souza e Pero Lopes de Souza. Dentro deste contexto preliminar da literatura local, não podemos deixar de destacar a presença dos padres jesuítas como Manuel da Nóbrega, José de Anchieta e Fernão Cardim.

Já o século XVII é marcado, na literatura e nas artes, com o desabrochar do barroco brasileiro. O trabalho que marca o início do barroquismo foi a publicação de «Prosopopeia», em 1601, por Bento Teixeira. Seus principais interlocutores brasileiros foram Bento Teixeira e Gregório de Matos, que se destacavam no mundo da poesia. Para a prosa doutrinária eram apresentados à colônia os talentos de Ambrósio Fernandes Brandão, Diogo Gomes Carneiro e André João Antonil.

Na arte da oratória barroca se conheceriam grandes nomes como Eusébio de Matos e o maior orador da língua portuguesa, o padre jesuíta Antonio Vieira. Além destes começavam a surgir os primeiros historiadores brasileiros, dentre eles Frei Vicente do Salvador.

O barroquismo chega ao Brasil pelas mãos dos espanhóis, que após a anexação de Portugal por parte do reino de Felipe II (1580-1640), faz com que seu espírito literário e a arte passem além das fronteiras de suas terras. Agregadas às missões jesuítas, os padres da companhia de Jesus utilizaram da persuasão e envolvimento, fornecidos pelo período barroco na sua luta contra o protestantismo, e assim sendo o seu processo de missão evangelizadora no território colonial.

O período barroco brasileiro se construiria ao mesmo tempo em que este se estruturaria na Europa, mas suas características eram diversas do barroco europeu. A riqueza mineral e natural e as transformações sociais e econômicas da época foram inseridas na vida literária e artística, que eram recheadas de pensamentos nacionalistas e livres de uma uniformidade.

O barroquismo no Brasil se desenvolveria em dois polos territoriais diversos. Em um primeiro período que se refere aos primeiros cinquenta anos do século XVII, seria Pernambuco, uma região em pleno desenvolvimento, a terra fecunda para esta prosperidade cultural e arquitetônica. Mas a região não se sustentou por muito tempo, as inúmeras batalhas no período holandês a levariam à decadência econômica e consequentemente cultural.

O segundo período despontaria na segunda metade do século XVII e a Bahia, se tornaria a capital do governo no Brasil. Neste período o campo de todo o investimento financeiro, resplandeceria como grande cenário econômico, cultural e intelectual do país. Além disso, se formou na cidade uma grande elite cultural, devido à: 1. Transferência para a capital de funcionários da coroa portuguesa para executarem suas funções administrativas; 2. Chegada dos colonos e muitos destes letrados; 3. Instalação dos colégios dos padres jesuítas na Bahia. Estes foram os fatores preponderantes que ajudaram a impulsionar o desenvolvimento cultural e artístico na região.

No que se refere à literatura, a composição poética é dividida em três fases: 1. Na sua primeira, marcada pela influência do poeta português Luiz de Camões e também pela presença do estilo de composição espanhol; 2. Na segunda fase o nacionalismo de Camões, vai se encontrar com as linhas gerais do pensamento barroco brasileiro, formando a chamada escola de composição baiana; 3. O terceiro e último momento, representado pelos primeiros cinquenta anos do século XVIII, sofrera a influência das academias literárias e científicas, onde o maneirismo barroco ganha grande foco, tendo o estilo rococó nas artes encontrado o ponto ápice com as novas condições sociais na descoberta do ouro e minerais preciosos que iriam mudar a condição da economia e da sociedade no Brasil.

Na oratória barroca, a prática foi predominantemente religiosa, e procurava persuadir os fiéis com um discurso de fundamentação moral, portanto foi um período basicamente sacro. A base para o desenvolvimento da retórica barroca era fundamentada sob uma linha tridentina, que propunha o esquema clássico da «inventio, dispositio, elocutio».

O uso da imagem foi essencial para o desenvolvimento de tal retórica, que associada às passagens bíblicas, partia do externo, ou seja, da percepção sensitiva real para atingir a manifestação do raciocínio, que tinha como via os cinco sentidos imaginários do homem, que produziriam nele um estado de fé. Outro instrumento de grande predominância era o uso da metáfora, que se caracterizava como ponto fundamental na estética barroca, e foi utilizada com grande desenvoltura e criação.

O uso de metáforas, associadas a histórias bíblicas fazia do plano sensorial imaginativo do ouvinte o palco para o desenvolvimento das mais célebres histórias que tinham como objetivo a compreensão da argumentação na qual se fundamentava o texto utilizado. Os ouvintes, por outro lado, se maravilhavam com as grandes estórias e epopeias narradas pelos oradores que não se cansavam de exercitar o plano imaginário para rascunhar neste o que se traçava no plano real.

Fazia-se uso da realidade material para consolidar a inserção do divino no contexto humano, ou seja, a presença do sacramental na realidade humana. O orador deveria ser capaz de envolver o ouvinte, levando-o à criação da imagem, para que ele pudesse produzir uma conscientização do divino na realidade humana. Não podemos deixar de salientar que os problemas sociais também eram ressaltados nos discursos barrocos. Também foi uso constante por parte dos pregadores barrocos a inserção em seus textos de comentários de escritos patrísticos ou religiosos, que sustentavam o discurso e lhe davam credibilidade.

A historiografia brasileira no período barroco, como já tratamos anteriormente, andou correlata à vida social e econômica da população, portanto não foi difícil unir o conhecimento cultural com a estética barroca, ou seja, por parte da busca científica, a historiografia agregava em si o fator documental para o julgamento dos fatos, mas sem abandonar aquilo que era próprio da arte literária.

Os sabores e dissabores da literatura brasileira colonial eram inteiramente ligados àquela produzida pelos grandes mestres portugueses, com o toque do barroco brasileiro. Assim, pois, não poderia deixar de ser visto que os literários que residiam no solo brasileiro, ou haviam partido da colônia em direção a metrópole para ali adquirirem a sua formação superior, ou então haviam se transferido da metrópole para residirem na colônia.

Já nos primeiros anos do século XVII, a própria terra produziria os seus primeiros intelectuais que, formados pelos padres jesuítas, passaram a escrever com um estilo mais íntimo ao colonial, inteiramente ligados à história brasileira e com seu atributo natural. Arquitetura Da mesma forma que na literatura se produzia uma corrente nacional, o mesmo aconteceria com as primeiras construções edificadas. No primeiro século, as construções de igrejas e moradias ganhavam forma através das matérias da terra, ou seja, de terra batida ou taipa, com coberturas de telhas rudimentares ou folhagens.

A evolução no século XVII transformaria estas edificações, que passariam a construções de pedras, e que subsistiriam ao tempo. As primeiras construções sobre pedras seriam destinadas aos fortes e monastérios e, em seguida seriam erguidas as primeiras igrejas. Com o erguimento das primeiras igrejas se criaria no espaço tropical uma arte própria, com características que mesclariam o estilo colonial, com o estilo europeu.

Este estilo que predominaria nos primeiros séculos de vida da colônia seria o barroco brasileiro, munido da mais diversificada influência cultural, seja da herança recebida dos indígenas, negros africanos, colonos portugueses, espanhóis, mouros, judeus ou de cultura oriental.

Este barroco foi munido dos aspectos da natureza local, com seus mitos e lendas indígenas, com a exuberância e mistérios que provinham das matas, que era a realidade inspiradora para a liberdade. Os grandes altares se mesclavam com os pequenos e nada poderia ser deixado de preencher, todo espaço arquitetônico era preenchido de símbolos decorativos.

A decoração dava um aspecto de esperança, de um barroco otimista, de ideia plástica inspiradora, munidos de anjos trombeteiros e dos mais especiais trabalhos em madeira. A ornamentação fugia das regras litúrgicas, e trabalhadas por diversas mãos, em uma composição harmoniosa, que se munia de pássaros, anjinhos, galhos de videira e folhagens.

As grandes imagens talhadas em madeiras, e produzidas pelos diferentes artistas, eram espalhadas por toda a igreja e se contrastavam com as menores. A madeira foi largamente utilizada, seja ornamentando os grandes pilares ou por todo o interior das Igrejas, e compunha uma linha toda original a arte.

Os azulejos decorativos, influência portuguesa, faziam parte do grande estilo arquitetônico local, principalmente nos corredores dos monastérios, sacristias, ou ornamentando as pias batismais das igrejas barrocas.


NOTAS

BIBLIOGRAFÍA

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