Diferencia entre revisiones de «BRASIL; Educação, Arte e Literatura na colônia»

De Dicionário de História Cultural de la Iglesía en América Latina
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Revisión del 21:35 12 feb 2018

Educação

A fonte de riqueza do Brasil nos séculos XVI e XVII era centrada basicamente na produção agrícola, e desta forma a maior parte da mão de obra disponível era absorvida pelo setor. Os trabalhadores, em geral, não tinham a necessidade de nenhuma qualificação técnica, visto que se tratava de um trabalho de força manual, e geralmente executado por escravos. Portanto, a educação não encontrou nos primeiros anos da colônia portuguesa nenhuma necessidade de desenvolvimento.

A educação brasileira se efetivava com o movimento catequético iniciado pelos padres jesuítas. Ministravam aos índios e colonos, juntos, não somente os ensinamentos cristãos, mas também uma formação intelectual. Com o surgimento da classe aristocrática brasileira e o aumento populacional, os padres jesuítas no Brasil seguiriam os passos dos seus irmãos europeus e abririam os primeiros colégios para a formação dos jovens brasileiros.[1]

Desta forma se estabeleciam os primeiros colégios, que tinham como missão a formação acadêmica das ciências humanas.[2]A princípio, os padres dedicaram-se à educação elementar para os índios e brancos, à educação média para os homens da classe dominante. E aos destinados às ordens sacras a formação superior, como a filosofia e teologia.

Foram os jesuítas considerados humanistas por excelência, tinham todo o foco educacional voltado para as atividades literárias e acadêmicas, com o intuito de uma formação para as letras eruditas. Os cursos eram organizados em três: O de artes, do qual faziam parte a filosofia e a ciência, ministrado na Bahia; o curso de teologia e o de ciências sagradas, também ministrados na Bahia; o curso de letras que era ministrado em cinco anos, no Rio de Janeiro e Pernambuco.

A base da formação jesuítica era sustentada na tradição escolástica, com um total distanciamento das ciências e das atividades técnicas, onde os cursos eram ministrados com a utilização dos textos clássicos da literatura latina, desenvolvendo o espírito crítico do estudante[3]. Os alunos formados pelos padres jesuítas eram em grau de afrontar os principais cursos da metrópole portuguesa, e desta forma se tornar componentes da elite intelectual da época.[4]

No que se refere à educação das grandes famílias aristocráticas, o curso da educação percorreu outra estrada. Baseadas no tradicionalismo, as famílias tinham como hábito conceder ao filho primogênito a hereditariedade de toda a riqueza produzida pelo pai, e assim era educado para conduzir adiante a obra deste, e portanto, como herdeiro natural e por direito, seria o futuro senhor de engenho.

Os outros filhos teriam destinos diversos, um se dedicaria às ordens sacras, e os demais a profissões liberais, e enviados para dar prosseguimento aos seus estudos no exterior, como Paris, Montpellier, Alemanha, Inglaterra, mas o principal foco de estudantes brasileiros se concentrava em Coimbra. Mais tarde os graduados se tornariam representantes políticos e sociais da colônia diante do reino português. Os cursos preferidos destes eram a filosofia, a medicina e principalmente o direito. Desta forma a nobre família aristocrática gozava de orgulho e influência na base do poder colonial.

Literatura e oratória barroca

Com uma estrutura intelectual bem formada, a colônia começaria a viver o nascimento de sua própria literatura e arte, tendo como protagonistas os seus próprios filhos ou os filhos de imigrantes que se instalavam na colônia.

O século XVI foi o tempo de uma literatura de informação, na qual prefiguravam as informações básicas sobre a vida, população e riquezas naturais da colônia. Os principais precursores foram: Pero de Magalhães de Gandavo, Gabriel Soares de Souza e Pero Lopes de Souza. Dentro deste contexto preliminar da literatura local, não podemos deixar de destacar a presença dos padres jesuítas como Manuel da Nóbrega, José de Anchieta e Fernão Cardim.

Já o século XVII é marcado, na literatura e nas artes, com o desabrochar do barroco brasileiro.[5]O trabalho que marca o início do barroquismo foi a publicação de «Prosopopeia», em 1601, por Bento Teixeira. Seus principais interlocutores brasileiros foram Bento Teixeira e Gregório de Matos, que se destacavam no mundo da poesia. Para a prosa doutrinária eram apresentados à colônia os talentos de Ambrósio Fernandes Brandão, Diogo Gomes Carneiro e André João Antonil.

Na arte da oratória barroca se conheceriam grandes nomes como Eusébio de Matos e o maior orador da língua portuguesa, o padre jesuíta Antonio Vieira. Além destes começavam a surgir os primeiros historiadores brasileiros, dentre eles Frei Vicente do Salvador.

O barroquismo chega ao Brasil pelas mãos dos espanhóis, que após a anexação de Portugal por parte do reino de Felipe II (1580-1640), faz com que seu espírito literário e a arte passem além das fronteiras de suas terras. Agregadas às missões jesuítas, os padres da companhia de Jesus utilizaram da persuasão e envolvimento, fornecidos pelo período barroco na sua luta contra o protestantismo, e assim sendo o seu processo de missão evangelizadora no território colonial.

O período barroco brasileiro se construiria ao mesmo tempo em que este se estruturaria na Europa, mas suas características eram diversas do barroco europeu. A riqueza mineral e natural e as transformações sociais e econômicas da época foram inseridas na vida literária e artística, que eram recheadas de pensamentos nacionalistas e livres de uma uniformidade.

O barroquismo no Brasil se desenvolveria em dois polos territoriais diversos. Em um primeiro período que se refere aos primeiros cinquenta anos do século XVII, seria Pernambuco, uma região em pleno desenvolvimento, a terra fecunda para esta prosperidade cultural e arquitetônica. Mas a região não se sustentou por muito tempo, as inúmeras batalhas no período holandês a levariam à decadência econômica e consequentemente cultural.

O segundo período despontaria na segunda metade do século XVII e a Bahia, se tornaria a capital do governo no Brasil. Neste período o campo de todo o investimento financeiro, resplandeceria como grande cenário econômico, cultural e intelectual do país. Além disso, se formou na cidade uma grande elite cultural, devido à: 1. Transferência para a capital de funcionários da coroa portuguesa para executarem suas funções administrativas; 2. Chegada dos colonos e muitos destes letrados; 3. Instalação dos colégios dos padres jesuítas na Bahia. Estes foram os fatores preponderantes que ajudaram a impulsionar o desenvolvimento cultural e artístico na região.

No que se refere à literatura, a composição poética é dividida em três fases: 1. Na sua primeira, marcada pela influência do poeta português Luiz de Camões e também pela presença do estilo de composição espanhol; 2. Na segunda fase o nacionalismo de Camões, vai se encontrar com as linhas gerais do pensamento barroco brasileiro, formando a chamada escola de composição baiana; 3. O terceiro e último momento, representado pelos primeiros cinquenta anos do século XVIII, sofrera a influência das academias literárias e científicas, onde o maneirismo barroco ganha grande foco, tendo o estilo rococó nas artes encontrado o ponto ápice com as novas condições sociais na descoberta do ouro e minerais preciosos que iriam mudar a condição da economia e da sociedade no Brasil.[6]

Na oratória barroca, a prática foi predominantemente religiosa, e procurava persuadir os fiéis com um discurso de fundamentação moral, portanto foi um período basicamente sacro. A base para o desenvolvimento da retórica barroca era fundamentada sob uma linha tridentina, que propunha o esquema clássico da «inventio, dispositio, elocutio».[7]

O uso da imagem foi essencial para o desenvolvimento de tal retórica,[8]que associada às passagens bíblicas, partia do externo, ou seja, da percepção sensitiva real para atingir a manifestação do raciocínio, que tinha como via os cinco sentidos imaginários do homem, que produziriam nele um estado de fé. Outro instrumento de grande predominância era o uso da metáfora, que se caracterizava como ponto fundamental na estética barroca, e foi utilizada com grande desenvoltura e criação.

O uso de metáforas,[9]associadas a histórias bíblicas fazia do plano sensorial imaginativo do ouvinte o palco para o desenvolvimento das mais célebres histórias que tinham como objetivo a compreensão da argumentação na qual se fundamentava o texto utilizado. Os ouvintes, por outro lado, se maravilhavam com as grandes estórias e epopeias narradas pelos oradores que não se cansavam de exercitar o plano imaginário para rascunhar neste o que se traçava no plano real.

Fazia-se uso da realidade material para consolidar a inserção do divino no contexto humano, ou seja, a presença do sacramental na realidade humana.[10]O orador deveria ser capaz de envolver o ouvinte,[11]levando-o à criação da imagem, para que ele pudesse produzir uma conscientização do divino na realidade humana. Não podemos deixar de salientar que os problemas sociais também eram ressaltados nos discursos barrocos. Também foi uso constante por parte dos pregadores barrocos a inserção em seus textos de comentários de escritos patrísticos ou religiosos, que sustentavam o discurso e lhe davam credibilidade.

A historiografia brasileira no período barroco, como já tratamos anteriormente, andou correlata à vida social e econômica da população, portanto não foi difícil unir o conhecimento cultural com a estética barroca, ou seja, por parte da busca científica, a historiografia agregava em si o fator documental para o julgamento dos fatos, mas sem abandonar aquilo que era próprio da arte literária.[12]

Os sabores e dissabores da literatura brasileira colonial eram inteiramente ligados àquela produzida pelos grandes mestres portugueses, com o toque do barroco brasileiro. Assim, pois, não poderia deixar de ser visto que os literários que residiam no solo brasileiro, ou haviam partido da colônia em direção a metrópole para ali adquirirem a sua formação superior, ou então haviam se transferido da metrópole para residirem na colônia.

Já nos primeiros anos do século XVII, a própria terra produziria os seus primeiros intelectuais que, formados pelos padres jesuítas, passaram a escrever com um estilo mais íntimo ao colonial, inteiramente ligados à história brasileira e com seu atributo natural.[13]

Arquitetura

Da mesma forma que na literatura se produzia uma corrente nacional, o mesmo aconteceria com as primeiras construções edificadas. No primeiro século, as construções de igrejas e moradias ganhavam forma através das matérias da terra, ou seja, de terra batida ou taipa, com coberturas de telhas rudimentares ou folhagens.

A evolução no século XVII transformaria estas edificações, que passariam a construções de pedras,[14]e que subsistiriam ao tempo. As primeiras construções sobre pedras seriam destinadas aos fortes e monastérios e, em seguida seriam erguidas as primeiras igrejas.[15]Com o erguimento das primeiras igrejas se criaria no espaço tropical uma arte própria, com características que mesclariam o estilo colonial,[16]com o estilo europeu.

Este estilo que predominaria nos primeiros séculos de vida da colônia seria o barroco brasileiro, munido da mais diversificada influência cultural, seja da herança recebida dos indígenas, negros africanos, colonos portugueses, espanhóis, mouros, judeus ou de cultura oriental.

Este barroco foi munido dos aspectos da natureza local,[17]com seus mitos e lendas indígenas, com a exuberância e mistérios que provinham das matas, que era a realidade inspiradora para a liberdade. Os grandes altares se mesclavam com os pequenos e nada poderia ser deixado de preencher, todo espaço arquitetônico era preenchido de símbolos decorativos.

A decoração dava um aspecto de esperança, de um barroco otimista, de ideia plástica inspiradora, munidos de anjos trombeteiros e dos mais especiais trabalhos em madeira. A ornamentação fugia das regras litúrgicas, e trabalhadas por diversas mãos, em uma composição harmoniosa, que se munia de pássaros, anjinhos, galhos de videira e folhagens.

As grandes imagens talhadas em madeiras, e produzidas pelos diferentes artistas, eram espalhadas por toda a igreja e se contrastavam com as menores. A madeira foi largamente utilizada, seja ornamentando os grandes pilares ou por todo o interior das Igrejas,[18]e compunha uma linha toda original a arte.[19]

Os azulejos decorativos, influência portuguesa, faziam parte do grande estilo arquitetônico local, principalmente nos corredores dos monastérios, sacristias,[20]ou ornamentando as pias batismais das igrejas barrocas.


NOTAS

  1. Apesar da soberania dos padres jesuítas outras congregações também se dedicaram ao ensino no Brasil colonial. «[...] Além dos colégios jesuíticos, existiram as escolas vinculadas às ordens dos beneditinos, dos franciscanos e dos carmelitas, e, a partir de fins do século XVII, os seminários, criados em várias localidades do país e marcados pela influência jesuítica. Embora nos colégios houvesse curso de nível superior, el rei procurou manter a dependência em relação à Universidade de Coimbra, considerada um aspecto nevrálgico do pacto colonial» (L. M. SOUZA, Inferno Atlântico, 347).
  2. O. O. ROMANELLI, História da educação no Brasil, 35.
  3. F. DE AZEVEDO, A cultura brasileira, 283.
  4. O. O. ROMANELLI, História da educação no Brasil, 34.
  5. O barroco constituiu-se em um movimento literário e artístico baseado na coexistência de valores medieval cristão e as novidades pagãs e terrenas, que eram advindas do espírito grego-latino. Este movimento nasce na Espanha, e tem como base o empenho de neutralizar e unificar a dualidade renascentista, em uma busca por fundir o medieval e o neoclassicismo. O vulto místico do movimento foi basicamente a matéria da contra reforma, organizado com as mesmas diretrizes do Concílio de Trento (1545-1563). Foi uma busca pela fusão do velho com o novo, dos padrões culturais da idade média com aqueles do apogeu da idade moderna, coloca a luz o teocentrismo medieval e o antropocentrismo quinhentista, identificando-se pelo jogo do claro-escuro, da luz e da sombra, pela assimetria, pelo contraste, pela abundância de pormenores formais, obscuridade, sensualismo, pela tensão entre razão e fé, entre misticismo e erotismo, entre o gozo dionisíaco de viver e a morte com seus mistérios, entre a ordem e a aventura, entre a sensação da miséria da carne e de bem-aventurança do espírito, entre a racionalidade e a irracionalidade. M. MOISÉS, História da literatura brasileira, I, 65-69.
  6. M. MOISÉS, História da literatura brasileira, 80.
  7. No contexto da predicação tridentina «[...] non è tutta innovativa, per molti aspetti essa continua la precedente tradizione. Alcune permanenze medievali, quali il ricorso alle stesse raccolte di exempla, resistono al rifiuto e al superamento del sermone scolastico, che si era avuto verso la fine del XV secolo con la ripresa del genus epidittico, quindi delle problematicha connese ai tre genera dicendi. La svolta significativa era stata determinata dall’Ecclesiastes di Eramo, “the great watershed in te historiy of sacred rhetoric”, che rifiutava la sterilità del metodo argomentativo e dialettico della predicazione scolastica, propugnando una predicazione più vicina a quella patristica, che conciliasse teologia e spiritualità e facesse leva sullìemotività del fedele» (E. ARDISSINO, Il barroco e il sacro, 46).
  8. Na XXV sessão do concílio de Trento datada de três e quatro de dezembro de 1563, tratava sobre o uso da imagem sacra para melhor ilustrar e compreender a história da salvação de Deus. Desta forma versava o decreto: «[...] Se avverrà che qualche volta debbano rappresentarsi e raffigurarsi le storie e i raconti della sacra scrittura-questo infatti giova al popolo, poco istruito- si insegni ad esso che non per questo viene raffigurata la divinità, quase che essa possa esser vista com questi occhi corporei o possa esprimersi com colori ed immagini». Com isto a descrição ou mesmo inserção da imagem sacra deveria ser utilizada para que o fiel pudesse dentro do seu processo de criação interior visualizar de uma forma melhor adaptada o que se ilustrava. G. ALBERIGO, ed., Decisioni dei concilio ecumenici, 714.
  9. O uso da metáfora aflora no homem a produção do psíquico que gera nos sentidos internos a percepção do sentido. «O procedimento pelo qual a metáfora adapta a linguagem para a expressão de sempre novas e possíveis idéias, amplificando o campo semântico dos vocábulos, é algo semelhante aos métodos contemplativos dos exercícios espirituais, porque, com estes, implica a mobilização do dinamismo psíquico, a saber, a memória e os demais sentidos internos, especialmente o da imaginação [...]» (M. MASSIMI, Palavras, almas e corpos no Brasil colonial, 124).
  10. Este processo do uso do material na questão religiosa, ou seja, na «[...] palavra sagrada ressalta o caráter orgânico da presença divina escondida nas espécies sagradas, como acontece no sermão de Nossa Senhora do Rosário pregado em 1654 em São Luis do Maranhão, em que Vieira afirma: «O estômago da alma é a memória-porque assim como no estômago do corpo se retém o comer corporal, e ali se faz a primeira decocção, assim esta potência é a primeira que há de receber e recolher dentro em si o divino sacramento». A materialidade dessa analogia visa expressar a efetividade da presença de Cristo na matéria da hóstia e não apenas a presença espiritual ou simbólica-conforme a visão dos reformados» (M. MASSIMI, Palavras, almas e corpos no Brasil colonial, 137).
  11. Em relação ao tema da persuasão do ouvinte, podemos distinguir um bom orador de um bom orante. «Diversa cosa é fare uma predica dal fare un’orazione, ma lo é nella materia, l’una divina, l’altra umana e nel fino, l’uno soprannaturale, l’altro mondano (arte 50). Non diferiscono invece le arti che presiedono alla comunicazione, che hanno un unico scopo: persuadere, e richiedono quindi gli stessi strumenti» (E. ARDISSINO, Il barroco e il sacro, 51).
  12. M. MOISES, História da literatura brasileira, 154-155.
  13. F. DE AZEVEDO, A cultura brasileira, 318-320.
  14. Os templos brasileiros sofreram nos três primeiros séculos uma grande influência dos padres Jesuítas que viviam em missão pelo país, muitos deles como arquitetos ou artistas aplicavam na estrutura arquitetônica e artística local toda a sua influência. «[…] Celles qui subsistent se profilent aujourd’hui un peu ternes et un peu tristes, sous le ciel du Brésil. Ainsi me sont apparus, tel vieux temple pernamboucain et la cathédrale de Bahia (ex-collège des Jésuites) dont la façade malgré des remaniements, demeure typique avec ses deux tours basses et carées, son fronton triangulaire, ses murs corrects et sans ornements, formant un ensemble civil et un peu froid, dans l’exubérance de Bahia. Rappelons que L’influence des Jésuites et de leur style s’exerça surtout au cours des XVI et XVII siècles [...]» (G. CHARLES, L’art baroque au Brésil, 18).
  15. Em 1561 os padres jesuítas davam início a construção da primeira Igreja construída com material duradouro, se trata da Igreja do colégio de Salvador
  16. A ornamentação barroca no Brasil, como na literatura, teve toda a sua ligação com a vida social colonial, «[...] ao converter a harmonia entre os opostos num princípio básico, assinalou-se como um modo de ser que marcou a civilização brasileira com um estilo cultural particularizado. É o quadro da profusão, da sensualidade, do excesso e do desequilíbrio barrocos que nos remetem aos tempos coloniais. A ornamentação presente nas edificações religiosas daqueles tempos, na medida em que ilustra o espírito da época [...] a arquitetura religiosa colonial predomina, também uma noção de descentramento: as imagens estão no centro e na periferia, o meio está em todas as partes e estas estão no meio. A sensação [...] diante deste espetáculo é de vertigem e impregnação sensorial. Isto tem muito a ver com o modo de ser da sociedade colonial» (L. R. M. CENTURIÃO, A cidade colonial no Brasil, 288-289).
  17. Os artistas que no Brasil trabalhavam, adaptaram a realidade da cultura local àquilo que recebia como herança dos europeus. «Il clima tropical o subtropical riproponeva, accentuandoli, certi caratteri del clima mediterraneo. E quanto s’è detto del ruolo di quest’ultimo nel succeso del barroco europeo incise ancora di più, si direbbe, sul barroco coloniale le nuove società dell’america latina adottarono una religione il cui culto si dispieva all’aperto» (V. L. TAPIÉ, Barroco e Classicismo, 336).
  18. Um dos mais importantes artistas no trabalho com a madeira foi Francisco Chagas, escultor célebre teve obras reconhecidas dentro do cenário barroco como: a imagem de São João e Nossa Senhora das Dores, na igreja de Nossa Senhora do Carmo, imagem de São Benedito na matriz de Santana e o famoso Cristo da Coluna, presente hoje no museu do Carmo de Salvador. (A. F. G. HIRAN, Sociedade Brasileira: uma história, 281).
  19. No que se refere ao uso da madeira no interior das igrejas, esta recebe a colônia como tradição da metrópole e aqui aprimora segundo a arte local. «[…] La talha portoghese fiorì nel nored del regno, dove l’arte romantica aveva conosciuto una grande vitalità, e gli scultori barrochi, dispoendo con il legno d’un materiale tenero, che potevano facilmente scolpire, adattarono i pilastri, i tori, gli archivolti del portico romantico per trarne nuovi e begli effetti nei retablo. Poi l’uso si difuse dal nord al sul del regno […] Dalla metropoli, essa guadagnò la colonia. Gli si devono i felici esiti della capela dourada di Recife, di San Francisco della cattedrale della Bahia, dei conventi di Sao Bento e Santo Antonio a Rio de Janeiro» (V. L. TAPIÉ, Barroco e Classicismo, 339).
  20. Uma presença constante nos ornamentos das igrejas e conventos eram os azulejos «[…] A partir du XVII siécle, les azulejos formèrent de véritables tableaux. Puis ils ne furent plus animés que de tons blancs et bleus. Le plus souvent ils s’inspirent edes épisodes de la Bible et du Nouveau Testament. On em retrouve de très beaux exemplaires au Brésil, et em nombre considèrable, dans tous les couvents, dans beaucoup d’églises et dans les batiments du Tiers-Ordre. Parfois, lorsqu’um fragment de nos vitraux d’Europe venait troubler mon esprit sous l’apparence d’um papillon bleu, ou noir et rouge, traversant em voltigeant la cour d’um cloitre, les “azulejosˮ me rappelaient qu’ils replacent um pe au Brésil les scénes multicolores des verrières de nos cathédrales. La pléthore décorative triomphe encore dans le sacristies, entourant les tableaux, les statues et les grands Cchrists badigeonnés de sang, abrutis par la souffrance et qui attendent à chaque pas le visiteur» (G. CHARLES, L’art Barroque au Brésil, 25).

BIBLIOGRAFÍA

ALBERIGO, G., ed., Decisioni dei Concili Ecumenici, Torino, Torinese, 1978

ARDISSINO, E., Il barroco e il sacro – La predicazione del teatino Paolo Aresi tra letteratura immagini e scienza, Città del Vaticano, Librerie Editrice Vaticana, 2001. AZEVEDO, F. De, A cultura Brasileira, 5ª ed., vol. XIII, São Paulo, Melhoramentos, 1971

CENTURIAO, L. R. M., A cidade colonial no Brasil, Porto Alegre, Edipucrs, 1999

CHARLES G., L’art baroque au Brésil, Paris, 1956

HIRAN, A. F. G., Sociedade Brasileira: Uma historia através dos movimentos sociais, 2° ed, Rio de Janeiro, Record, 2.000 MASSIMI, M., Palavras, almas e corpos no Brasil colonial, São Paulo, Loyola, 2005

MOISES, M., Historia da Literatura Brasileira – Origens, barroco, arcadismo, I, Cultrix, 1983

ROMANELLI, O. De O., Historia da Educação no Brasil, 8ª ed., Petropolis, Vozes, 1986

SOUZA L. M. E, Inferno Atlântico; demonologia e colonização: séculos XVI-XVIII. Companhia das Letras, 1993

TAPIÉ V. L., Barroco e Classicismo. Madrid, 1978


ROBSON FERNANDO CORRÊA LEITE